Resultados do primeiro Laboratório de Ação Direta pela Mobilidade a Pé no país

Último encontro da jornada do Lab.MaP foi marcado por celebrações.

O Projeto Como Anda articula grupos e indivíduos que promovem a pauta da mobilidade a pé, e tem em seu escopo o desenvolvimento do Lab.MaP — Laboratório de Ação Direta pela Mobilidade a Pé, voltado para a incubação de projetos promissores.

Esta publicação é uma produção coletiva das equipes integrantes da primeira edição do Lab.MaP 2021. E detalha, na perspectiva das equipes executoras, dez projetos incubados apresentando para cada iniciativa: cidade, categoria de incidência, temática, local da intervenção, equipe, público beneficiado, objetivos, estratégias do projeto e justificativa da ação, táticas, ferramentas, recursos e talentos, atores/setores, marco regulatório de suporte, resultados e referências. Adicionalmente, joga-se luz sobre a jornada da iniciativa mostrando: como se deu a mobilização do grupo, qual era o contexto/cenário do problema, quais os principais desafios encarados, como a jornada do Lab.MaP contribuiu, como definiram indicadores de sucesso / métricas, quais as principais lições aprendidas, quais as principais alegrias, quais os próximos passos da ação para 2022.

Os projetos são: A Pezito (Porto Alegre, RS), Brasília Anda nos Eixos (Brasília, DF), Caminhar às Margens (Maceió, AL), Coreografando Ruas (Lorena, SP), FLUTUANDA: Por uma cidade mais caminhável (Uberlândia, MG), Nossa Calçada (Itabira, MG), PI Experimental (Fortaleza, CE), PRODHE-CEPEUSP (São Paulo, SP), S!mova (Recife, PE) e SOnhANDO A PÉ (Belo Horizonte, MG).

Para além das características individuais dos projetos, existem quatro aspectos que os conectam na atuação em prol da mobilidade ativa:

— O público diverso para o qual as ações são direcionadas: crianças, adolescentes, mulheres, profissionais, grupos, público em geral;
— Os locais múltiplos da intervenção cidadã, no sentido de ter o protagonismo da sociedade civil organizada ou de indivíduos, direta ou indireta: praça, orla, praia, calçada, rua, campus universitário;
— A atuação multiagente: escola da educação básica, universidade, órgãos públicos, organizações da sociedade civil, empresa;
— As ações voltadas para ocupação e uso dos espaços públicos urbanos entendidos como comuns urbanos.

Um amplo debate recente tem incluído o entendimento da noção de espacialização e urbanização a partir da abordagem dos comuns urbanos, definidos como recursos acessíveis a todos os membros de uma sociedade, e como complexos espaços sociopolíticos que articulam práticas, relações e diferentes formas de governança.

A qualificação dos espaços públicos urbanos passando a priorizar o pedestre evidencia a necessidade de novos paradigmas para a mobilidade urbana. E permite introduzir a temática da sustentabilidade ambiental como fator-chave na constituição de padrões que enfatizem a caminhabilidade.

Tal temática pode ser abordada de modo fragmentado e incremental, focalizando a relação entre soluções de mobilidade ativa e metas específicas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) definidas na Agenda 2030. Alinhado aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável — ODS 3 Assegurar uma vida saudável e promover o bemestar para todos, em todas as idades; ODS 11 Tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis; ODS 13 Tomar medidas urgentes para combater a mudança climática e seus impactos; e ODS 16 Promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento sustentável -, o deslocamento ativo, quando combinado com transporte público coletivo em grandes cidades, é também uma forma de se combater desafios da humanidade relacionados ao ambiente, em especial, no que tange às mudanças climáticas, poluição do ar e sonora. Assim, a mobilidade ativa tem um papel importante para promover a inclusão social, a equidade de acesso aos espaços e serviços públicos e o alcance da mobilidade urbana sustentável.

Já um olhar sistêmico revela o desafio de produzir a transformação do modelo de mobilidade urbana calcado nos modos motorizados de deslocamento, transformando os espaços públicos por meio de soluções de mobilidade, para pedestres e para cidades, compatíveis com o reconhecimento dos limites planetários às ações humanas que envolvem extração e uso de recursos de recursos naturais, bem como das consequências em termos de impactos ambientais. Na criação de soluções em prol da mobilidade a pé, por meio da intervenção no espaço público, está por serem melhor entendidos o seu papel e as suas contribuições para a sustentabilidade ambiental das cidades.

É nesse cenário que o Lab.MaP 2021 se constitui como um notável hub da mobilidade a pé, como uma instância de conexão e difusão oferecendo mentoria e apoio e recebendo experiências e informações que abarcam diferentes cidades brasileiras.

*Texto de apresentação escrito por Sonia Regina Paulino*

Confira como foi essa jornada!